A Igreja, ao nos propor uma celebração sobre Maria das Dores, quer levar o cristão a ver na dor um sentido de redenção e de purificação a caminho da vida eterna.
Em um mundo atribulado com tantas calamidades, tantas angústias, tantas tristezas, parece um absurdo celebrarmos uma festa litúrgica sobre Nossa Senhora das Dores. Isso nos leva, a priori, a um panorama próximo do masoquismo, sentimento de tristeza muito próximo da negrofilia. Todavia, essa não deve ser a atitude do cristão, uma vez que a dor, física ou moral, é companheira constante do ser humano e não existe no mundo alguém que não tenha sido visitado por ela.
A Igreja, ao nos propor uma celebração sobre Maria das Dores, quer levar o cristão a ver na dor um sentido de redenção e de purificação a caminho da vida eterna. Maria Santíssima, ao ser tocada pela tristeza de ver seu Filho Jesus desprezado pelos seus compatriotas, contestado por estar ao lado dos abandonados daquela sociedade elitista, condenado a uma morte impiedosa, injusta e cruel, não ficou parada na dor, mas, com certeza, elevou seu olhar para seu Deus e Senhor e acompanhou o seu Filho até o final.
Sabia Maria das Dores que tudo o que acontece neste mundo, coisas cruéis e tristes, ainda que não queridas por Deus (que sempre quer filhos felizes e alegres), pode ser motivo de santificação. Maria das Dores soube, desta forma, distinguir, como seu Filho, a vontade divina, que sempre aspira a felicidade e a vontade de Deus, que permite dores e tristezas, mas infunde nelas o sentido de redenção e de salvação. Tanto assim que os Evangelistas narram que, ao pé da cruz, estava de pé a mãe do Cristo. Ela estava de pé, posição de quem não se deixa abater pelo infortúnio do calvário. Com isso, Maria das Dores se torna co-redentora da humanidade e partícipe direta dos sofrimentos do seu amado Filho (e como tal é venerada por toda a cristandade).
Maria das Dores não foi vencida pelas dores, mas soube dar-lhes um sentido de redenção e de amor ao ver seu Filho, Homem das dores, cumprir até o fim a vontade do Pai. Da mesma forma, como Pai, comovido pela obediência irrestrita do Filho, entrou no reino da morte e da tristeza e ressuscitou aquele filho dileto, e da mesma forma acolheu o sacrifício da Mãe e lhe deu o consolo da paz, não obstante o grande sofrimento do calvário.
Maria das Dores se torna, desta forma, exemplo e consolo para todos, mães e pais, que sofrem toda espécie de dores, morais e físicas, caminhando a frente de seus filhos para lhes dizer: “Filhos meus, tenham fé, tenham esperança. Deus, que permite a dor visitá-los, ama-os ternamente e tudo passa, mas o amor de Deus sempre é maior que os sofrimentos passageiros dessa vida”.
O Senhor Deus é o Deus da vida e os tormentos e dores que nos ocorrem são passageiros como o vento, como a poeira levantada. Em tudo se revela o amor de Deus, mesmo na dor e no sofrimento.
Termino com as afirmações carinhosas do salmo 103: “Pois como quanto é alto o céu sobre a terra, tanto prevalece sua bondade com os que o temem”. “Bendizei o Senhor, vós todas suas obras, em todos os lugares, onde Ele domina! Minha alma, bendizei o Senhor!”
Nossa Senhora das Dores, rogai por nós, agora e na hora do sofrimento, e sede sempre nossa consolação e alento!
Dom Eurico dos Santos Veloso / Formação 2009
Artigo originalmente publicado em: https://comshalom.org/nossa-senhora-das-dores-um-caminho-de-redencao-para-a-humanidade/
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