Jesus sabiamente ensinava o povo por meio de parábolas, como em São Marcos capítulo 04. Evangelho este que, meditamos a Parábola do Semeador, passado todo o ensinamento Ele sobe a barca e sai mar adentro. Enquanto Ele adormecia na popa, uma tempestade veio cair sobre eles, o desespero tomou conta de todos e acordaram Jesus aos gritos indagando se Ele não se importava que eles passagem por tal perigo. Jesus repreendeu o vento dizendo “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4, 39c), cessando imediatamente a tempestade, não se ouviu mais o vento, só os cochichos e a exortação de Jesus aos discípulos.
Esse texto bíblico nos faz refletir e pensar em nossas atuais tormentas, as vezes, em nossas tempestades internas, algumas vezes temos a sensação de Jesus dizer a nós “silêncio, cala-te”, e assim ficamos esperando, suas palavras, uma correção, uma repreensão, um direcionamento, uma resposta ou um ensinamento. Mas, e quando não existe o seguir ao pedido de silêncio? E se depois do “silêncio” tenha somente O Silêncio? E é nesse momento que mesmo sem compreender, sem ao menos entender, dividimos com Nossa Senhora das Dores nossos processos de curas, sofrimentos, desesperos.
Temos o péssimo hábito de achar que quando vamos receber oração ou vamos a uma adoração ao Santíssimo Sacramento, Deus vai falar tudo que perguntamos. Vai responder sobre tudo que pedimos. Achamos que Ele irá atender, exatamente como e quando queremos tudo que pedimos a Ele. Mas acontece o silêncio, não temos a resposta, não temos pedido sendo realizado. E quando não acontece como desejamos, O culpamos, O desafiamos e as vezes temos a audácia de se afastar, só porque “Ele não falou comigo”.
Há um tempo passei pelo silêncio educador de Deus, percebia como Ele lapidava minha história, percebia também que estava caminhando e sentindo as dores de Nossa Senhora, não sentia esse processo como um fardo, mas como ensinamento profundo. Nada era dito, nada foi dito, só havia o silêncio. Mas tudo era sentido e muitas coisas foram ensinadas.
Nesse período educador de Deus no Seu silêncio, aprendi a ouvir e guardar no coração, assim como Nossa Senhora fez com a profecia de Simeão (Lc 2, 34-35). Aprendi, que nem sempre eu preciso falar a Deus uma necessidade, só ao olhar de Nossa Senhora, tenho o auxilio de um Simão de Cirene (Lc 23, 26-27) em um momento de minha cruz, às vezes, meu Cirene é o próprio Jesus, sem proferir nenhuma palavra, mas me auxiliando, ajudando a passar naquele período de calvário.
Aprendi também que quando em meu silêncio, me abandono no Senhor e coloco minha esperança Nele (Sl 36, 7), vejo em seus olhos, o amor maior, em entregar sua Mãe a mim (Jo 19, 25-27a) e me pedir que a acolha, como discípula amada aos pés da cruz.
É no silêncio que nós conseguimos receber todo o amor de Deus, pois como dizia Santa Clara “O silêncio é a linguagem de quem ama”. Se Deus é amor (1 Jo 4, 8), seu silêncio não significa sua ausência, só significa que Ele está expressando seu amor profundo sobre você. E o próprio Santo Agostinho dizia em seus ensinamentos “A medida do amor é amar sem medida” ensinamento esse que Ele propagou em toda sua vida de discipulado ao Senhor.
Aprofundemos no Silêncio de Deus, seja qual for a dor, o sofrimento. Escolha um ambiente tranquilo da sua casa e pegue a leitura do Evangelista São Marcos capítulo 4, leia o capítulo todo, mas reflita os versículos 35-41 e depois da leitura, entregue o percurso do seu calvário a Jesus. Viva o silêncio, aproveita a quietude que Deus proverá em seu coração. E lembre-se: o Silêncio de Deus não é Sua ausência é o seu Amor mais profundo sendo derramado sem limites sobre sua história.
Talita Quessada – Membro consagrada da Comunidade Missão Filhos de Maria.
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